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Projeto Música e Terapia

O Projeto Música e Terapia faz parte do dia a dia da Oncotrata desde 2015.


A atividade traz como propósito ofertar um olhar diferenciado sobre a experiência presente, além de oferecer acolhimento, possibilitar através de tarefas criativas e diálogo acerca das composições a elaboração de conflitos emocionais e contribuir para a reflexão e administração de questões familiares, sociais e espirituais suscitadas pela enfermidade, minimizando os sofrimentos provenientes do impacto do diagnóstico.


Devido à pandemia de Covid19, interrompemos a atividade presencial, mas estamos lançando o Música e Terapia Em Casa.

Somente pessoas ligadas à Oncotrata (pacientes, familiares e equipes) terão acesso a estes vídeos, que serão publicados semanalmente. Dessa forma, queremos criar um espaço seguro para que todos tenhamos liberdade para nos expressar através dos comentários da publicação.


Se você conhece algum paciente que ainda não tem o link de acesso, orientamos que seja solicitado pelo Whatsapp (51) 98464-0913



por Natalia Frizzo:

“A minha gente sofrida despediu-se da dor, pra ver a banda passar cantando coisas de amor…” Chico Buarque

O Projeto MÚSICA&TERAPIA: SONORIZANDO EMOÇÕES NA ORQUESTRA DA PRÓPRIA VIDA iniciou-se em meados de 2015. Escrevi e dei vida a esta atividade por compreender que, durante o processo de adoecimento, os sujeitos envolvidos tendem a apresentar implicações em seu bem-estar e qualidade de vida. Neste sentido, a oportunidade de utilizar a música como recurso terapêutico mostra-se como grande potencial.


Ela surge com o objetivo de oportunizar suporte e encorajar o bem-estar físico, mental, social, espiritual e emocional.

A música como mediadora dos encontros grupais promovidos, proporciona outro modelo de cuidado que diferencia-se, mas soma-se aos já prestados atendimentos psicológicos individuais ofertados na Oncotrata. Neste cenário, o presente projeto propõe-se a realizar atividades relaxantes e reflexivas juntamente com letras e melodias de músicas aos pacientes e cuidadores assistidos pela clínica durante seu tratamento.


Os encontros acontecem duas vezes na semana, oportunizando a criação de um ambiente, no próprio ambulatório de infusão medicamentosa, que busca ampliar, por meio da música, a capacidade de enfrentamento da doença; restaurar e/ou aprimorar o equilíbrio bio-psíquico; e expandir a consciência individual no processo saúde-doença.


Para que a atividade aconteça, além da coordenação da psicologia nos encontros grupais, contamos com a presença da musicista Kellin Mello, que em voz e violão, conduz canções previamente selecionadas pela equipe, escolhidas a partir de letras que expressem temas relevantes e passíveis de reflexão. E também embala canções que, eventualmente são solicitadas pelos participantes, conforme as emoções são expressas e trabalhadas.


Segundo Kellin, o projeto contribui de muitas formas na vida dos pacientes e cuidadores, pois “a música aproxima as pessoas e fortalece laços, auxiliando o paciente e seus familiares em momentos de desesperança e desânimo. É um estímulo para o diálogo que pode revelar as diferenças e semelhanças de pessoas que estão passando pela mesma doença. Facilita a expressão de algo muito particular e precioso que desencadeia alivio, plenitude, alegria e satisfação. Além disso, apoia a equipe, arejando a rotina com canções que oportunizam um momento de troca para além do cargo que cada um ali ocupa”.


Desse modo, a atividade traz como propósito ofertar um olhar diferenciado sobre a experiência presente – doença, tendo como intuito o resgate de aspectos de vida saudáveis em meio ao adoecimento a partir da expressão dos sentimentos através da música. Além disso, alguns objetivos conduzem nossa prática e a fundamenta, tais como: oferecer acolhimento; possibilitar através de tarefas criativas e diálogo acerca das composições a elaboração de conflitos emocionais; e contribuir para a reflexão e administração de questões familiares, sociais e espirituais suscitadas pela enfermidade, minimizando os sofrimentos provenientes do impacto do diagnóstico.


Sabe-se, ainda, que a música já vem sendo utilizada há tempo como uma ferramenta de manejo de sintomas por ser capaz de atuar em vários aspectos como: minimização da percepção da dor, desviando o foco de atenção para a experiência musical; estímulo a expressão verbal e não verbal; melhora do humor e da estima; promoção de saúde pelo compartilhamento de vivências entre participantes de um grupo; ampliação de apoio e validação de aspectos emocionais (Munro, S. & Mount, 1978; Krout, R.E., 2001; Roskam, K.& Reuer, B., 1999). Ainda vale ressaltar que o ato espontâneo de cantar canções de seu repertório particular ou mesmo improvisar letras e melodias permite “transcender as barreiras da enfermidade e da limitação física”, e vislumbrar um novo foco no contexto da doença, oportunizando ações de cuidado pautadas no prazer e na qualidade do viver (Turry A., 1999).


Por entendermos, então, que o cuidar humano comporta múltiplas ações e focos, seguimos com nossos encontros, para que, ao fim de toda esta experiência de doença, ainda permaneçam memórias boas, de superação e de amparo naqueles que cuidamos. E como diz Snyders,G., 1992, p.116:


“A música caminha em direção à esperança. [Ela] é a alegria de não permanecer em desespero, de não se deixar esmagar pelo desespero; o grito de sofrimento passa na música e então o sofrimento encarna-se numa forma estética, humana – que nos impede de abandonarmo-nos a ele. Por mais áspero que seja o tema abordado, ela não deixará de introduzir nele algo de terno. A música desperta o trágico e também os recursos do ser humano para enfrentá-lo”.

Krout RE. The effect of single-sessions music therapy interventions on the observed and self-reported levels pain control, physical comfort, and relaxation of hospice patients.[acesso em 17 jul 2009] Am J Hosp Palliat Care. 2001;18(6):383.Disponível em http://ajh.sagepub.com/cgi/reprint/18/6/383

Munro S, Mount B. Music therapy in palliative care. CMA Journal. 1978 Nov;119(4).p.1129-34

Roskam K, Reuer B. A Music Therapy Wellness Model for Illness Prevention. In: Dileo C. (org) Music Therapy and Medicine: Theoretical and Clinical Applications. Silver Spring: The American Music Therapy Association; 1999.p.139-47.

Turry A. Improvised Songs with Children with Cancer and Serious Blood Disorders. In: Wigram T, DeBacker J. (editors). Clinical Applications of Music Therapy in Developmental Disability, Paediatrics and Neurology. London: Jessica Kingsley Publishers; 1999. p.13-31.

Snyders G. A Escola pode ensinar as alegrias da música? Tradução de Maria José do Amaral Ferreira. São Paulo:Cortez, 1992.175p. Título original: L’école peut-elle enseigner les joies de la musique?

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