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Guia de exposição solar para pacientes em tratamento do câncer

É consenso entre os especialistas que as pessoas em tratamento do câncer devem usar proteção solar contínua. Entre os motivos estão as lesões e o escurecimento da pele, que são efeitos colaterais da quimioterapia e radioterapia, o que pode ser potencializado pela exposição ao sol.


Apesar de ser fundamental para a saúde, o Sol emite um volume de radiação que pode ser muito nocivo ao ser humano. Falamos dos raios ultravioleta, que podem ser de 3 tipos: A, B e C.


Comparativamente, os raios UVC são filtrados pela atmosfera, porém os UVA e UVB atingem plenamente a superfície da Terra.

Diferenças entre raios UVA e UVB


UVA – possuem intensidade constante durante todo o ano, ao longo do dia inteiro e, mais fortemente, entre 10h e 14h. É o responsável pelo envelhecimento precoce da pele e contribui para elevar a predisposição ao câncer.

UVB – são filtrados pela camada de ozônio e somente 10% de sua radiação chega à superfície terrena. Sua intensidade aumenta no verão e, além de serem responsáveis pelas queimaduras solares, contribuem significativamente para o aparecimento do câncer de pele, pois podem desencadear alterações nas células.


Quimioterapia, radioterapia e proteção solar

Existem agentes quimioterápicos que podem provocar alterações na pele. As mais frequentes são vermelhidão, ressecamento, coceira, descamação, irritação, escurecimento e sensibilização da pele. Especialistas recomendam que a proteção solar seja intensa até um ano após o término do tratamento radioterápico.


Durante o tratamento oncológico

Assim como o paciente oncológico precisa ficar atento à composição de produtos de higiene e beleza, como shampoos, sabonetes, desodorantes, hidratantes, entre outros, o mesmo ocorre quando falamos de protetores solares.


Os tipos mais comuns, disponíveis na maioria das farmácias e supermercados, são compostos por agentes químicos que reagem na pele formando uma camada protetora que inibe a ação dos raios UVB sobre a pele exposta. A fórmula desses produtos, no entanto, pode gerar irritações e reações alérgicas indesejadas no paciente oncológico mais do que na maioria da população em geral.


Portanto, fique atento à qualidade do protetor que você está usando e faça sempre a prova de toque antes de utilizar o produto em uma grande área do corpo. Aplique uma pequena quantidade em uma região delimitada da pele, preferencialmente o antebraço. Caso fique com dúvidas, consulte o seu dermatologista, ele saberá lhe orientar e pode, até mesmo, realizar o teste de alergia no consultório.


Como escolher o protetor solar ideal

A maioria dos protetores solares possuem em sua formulação componentes contraindicados ao paciente com câncer, como corantes, fragrâncias e conservantes. Além disso, muitos produtos vendidos no mercado brasileiro não oferecem proteção adequada às necessidades do paciente oncológico.


Basicamente, o produto adequado ao paciente com câncer será hipoalergênico, ou seja, que têm menos chances de causar alergias e de proteção UVA/UVB.


Como identificar o fator de proteção UVA

O fator de proteção expresso na embalagem dos produtos comercializados no Brasil costuma se referir ao raios UVB. Portanto, um protetor fator 30 protege sua pele 30 vezes mais contra os raios UVB. Mas e os raios UVA? Para identificar se o produto é eficiente contra a radiação UVA, você precisa prestar atenção em alguns aspectos:


PA ou PPD – quando não estiver escrito na embalagem que o produto tem proteção UVA, é assim que a informação pode constar.

PA sempre vem acompanhado de sinais de +. Um produto com proteção adequada será o que tiver expresso PA+++ ou além.

PPD significa Persistant Pigment Darkening e deve representar pelo menos um terço da proteção UVB. Ou seja, um protetor solar com FPS 30, deve oferecer PPD10, no mínimo.

Dica: quanto maior o fator PPD, mais protegida estará a sua pele.

Leia o rótulo do seu protetor solar e procure na composição dióxido de titânio e óxido de zinco. Eles são os agentes físicos mais comuns presentes na maioria dos fotoprotetores de alta qualidade.


O que significa proteção física?

O protetor solar é físico quando cria uma barreira física que reflete a radiação e impede a sua absorção pela pele. São agentes inorgânicos, ou seja, permanecem na superfície da pele, sem que sejam absorvidos pelo organismo. Devido a essa característica, também costumam ser mais difíceis de espalhar e deixam a pele levemente esbranquiçada.


A luz visível também pode representar um risco para o paciente oncológico

Luz visível é toda luz que pode ser vista a olho nu. Entram nesse grupo, além da luz do Sol, a luz emitida por telas de computadores, smartphones, televisores, lâmpadas e diversos outros aparelhos eletrônicos. Pesquisas sugerem que ela é tão nociva ao organismo quanto os raios UVA.


O protetor solar que protege contra a luz visível contém pigmento, assim como a base utilizada pelas mulheres como maquiagem. Dessa forma, é importante consultar o seu médico se você deve investir em produtos desse tipo durante o seu tratamento. Na dúvida, atenha-se à proteção contra a radiação ultravioleta A e B.


Outras maneiras de se proteger contra a radiação solar


Além de loções, cremes e géis específicos para a proteção, a cada ano, novas opções surgem no mercado da fotoproteção. As roupas e chapéus fotoprotetores costumam custar pelo menos 15% mais do que o de tecido comum, porém, para o paciente oncológico, pode ser um bom investimento.


Os tecidos que bloqueiam os raios solares começaram a ser desenvolvidos em 1996 na Austrália como forma de tentar diminuir os altos índices de melanoma na população, em sua maioria de pele clara. Hoje, esse tipo de tecido vem se popularizando e diversas marcas estão disponíveis no mercado brasileiro.


Fique atento para o que diz a etiqueta do produto. Roupas com proteção UV50 bloqueiam até 97,5% dos raios UVA e UVB.


Fotoproteção no dia a dia

Qual o melhor tipo de tecido para o paciente oncológico

Como não é possível manter-se o tempo todo vestido com roupas de tecido fotoprotetor, é necessário saber quais são os tipos de roupas mais adequadas para promover maior proteção contra os raios solares.


A pele do paciente oncológico precisa de conforto, portanto, prefira tecidos leves de algodão. Nesse caso, faça uso de protetores solares. Caso você opte por não utilizar cremes e loções com FPS, cubra a pele com tecidos escuros, preferencialmente poliamida, que imita o toque do algodão.


Chapéus: escolha um modelo de cor escura e de trama bem fechada, de algodão ou de palha natural. Quanto maior a aba, mais proteção para rosto, orelhas e pescoço. Estima-se que uma aba de 7,5cm seja suficiente para cobrir até o queixo.

Óculos: o mais importante na escolha do óculos é a qualidade das lentes. É fundamental que tenha proteção UV, portanto, precisam ser originais. Evite falsificações ou materiais de baixa qualidade. Se você já utiliza óculos de correção e deseja viajar para ambientes de praia, lagoa ou rio, encomende uma lente com grau para o seu óculos de sol, pois lentes de contato não são a melhor opção nesses lugares devido a maiores chances de infecção.


Luvas: os danos solares são cumulativos e as mãos, assim como a face, sofrem maior exposição ao longo da vida. Existem diversas opções de luvas fotoprotetoras e pode ser benéfico investir em uma peça dessas para a sua proteção.


Sombrinhas e Guarda-sóis: toda barreira física é útil contra a radiação solar. Se a sua sombrinha ou guarda-sol for produzida com tecido fotoprotetor, melhor ainda. Se não, não se preocupe, outros tecidos também colaboram na filtragem desses raios, diminuindo a incidência sobre a sua pele. Assim como as roupas, opte por um modelo de cor escura e trama densa.


Vidros e Cortinas: no carro, na sua casa ou escritório também é possível fazer algo para diminuir a sua exposição exagerada ao sol. A barreira física do vidro já diminui em cerca de 30% a intensidade dos raios solares. Com uma laminação ou instalação de uma cortina ou persiana, ele percentual certamente será bastante elevado.


Quando o assunto é proteção solar, você não precisa optar


Converse com o seu médico a respeito desse assunto e siga seus conselhos sobre os melhores horários para tomar sol, afinal de contas, sua saúde pode ser beneficiada pela exposição adequada aos raios solares.


Mas lembre-se, use o kit completo. Você não precisa optar entre protetor solar ou roupa ou guarda-sol. Utilize o maior número de barreiras possível, principalmente no horário mais crítico. Reaplique a loção a cada 2 horas ou conforme seja expresso na embalagem, não esqueça o chapéu e as roupas adequadas e, se for praticar atividade física, dê preferência para tecidos fotoprotetores.

Com essas atitudes, você poderá se relacionar com o Sol de forma saudável e segura neste verão, sem interferir no seu tratamento.

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